sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Nostalgia

O passado se misturando com o presente, a falta que a gente costuma sentir de alguma coisa, a dor de alguma lembrança ou o riso de outra, nossa vontade de não relembrar, o passatempo de lembrar. Isso me assusta. Assusta-me porque é tudo muito contraditório. Confesso que prefiro a calmaria na alma às turbulências que nossa mente pode provocar.
Nossa mente, eu aprendi com o tempo, que é nossa grande amiga. Mas caso não saibamos disso, ela pode nos destruir se não soubermos controlar. E esse autocontrole é o que muitos já perderam, sendo assim, entram as consultas e terapias para guiar seus pensamentos. Remexer suas dores. Entender algumas de suas atitudes. Fazer com que você olhe novamente no espelho e se enxergue. Enxergue você, seu jeito, suas qualidades. Vem alguém para te lembrar o que é personalidade. Há quem diz que funciona, há quem diz que não.
As lembranças do ontem nos fazem ver quem fomos e quem somos. E o melhor, quem ainda poderemos ser. A convivência ajuda com que nos tornamos melhores. Não é nada fácil conviver, mas certamente é a maneira que mais se aprende. As pessoas são por completo diferentes e aceitar isso nos torna mais flexíveis, menos vulneráveis. Aprender com o erro dos outros ou com histórias alheias também nos promove crescimento. Não precisamos ser burros e ignorá-los, pois ao fazermos isso nos tornamos alvo desse mesmo erro. Por que não evitá-los se por nós mesmos já erramos demais?
Tornar-se melhor a cada dia é o que nos faz permanecer vivos. Você precisa mudar para sobreviver. Se ficar ultrapassado, assim como as inúmeras tecnologias, você fica em prateleiras e depois alguém te retira de lá. É assim que funcionam as coisas. Você tem que girar junto ao mundo. O mundo muda a cada instante, a cada minuto ele não é mais o mesmo. Nem as pessoas. Cada acontecimento, palavra, livro ou mesmo uma simples conversa possibilita, a nós humanos, uma mudança, e com ela a possibilidade de nos tornarmos melhores.
Os traumas e as tristezas são, certamente, para nos preparar para o que há por vir. Nos tornam, sem méritos de ser um pensamento louco ou não, aquilo que realmente teríamos que ser. Acredito muito que não há acaso. Acredito que há explicações para tudo – mesmo que a gente não encontre. Acredito que as escolhas o levam para seu verdadeiro destino. Sim, acredito em destino. Acredito que em algum lugar já estava previsto quem você seria. Ou qual caminho escolheria.

Bianca Garcia

9 comentários:

  1. Você abordou alguns assuntos interessantes neste post. Vou por ordem...rs Quanto à nossa nostalgia. Acho que lembrar faz parte da vida. Cada coisa que passamos nos constroi. O que não é saudável é remoer. Lembrar é gostoso e é um jeito de reviver as emoções que por vezes precisamos sentir e não temos como, ou até mesmo buscar uma lição racional para uma situação do presente. Lembrar nos ajuda a sermos melhores a cada dia também, pois nos garante inteligência emocional e, ao mesmo tempo, racionalidade. As terapias, eu acredito que sejam também uma saída muito válida, mas que as pessoas deveriam praticar como prevenção e não como remédio. Mas, para quem não curte e que consegue se despir dos próprios preconceitos e mostrar-se vulnerável á algumas pessoas, a terapia pode ser praticada consigo mesmo, ou com amigos.

    Quanto à outra parte. Sim, ainda bem que temos a capacidade de mudar, de aprender, de evoluir. Tudo aquilo que nos acontece de ruim faz com que tenhamos que nos superar. E é nesta superação que nos reencontramos, mais fortes, melhores. As coisas boas da vida nos ensinam sim, mas a verdade é que as coisas difíceis ensinam mais e mais rápido. Por isso, após passar o sofrimento devemos agradecer a oportunidade dada de evoluir e encontrar novas portas, novos caminhos, que talvez nunca teriam sido abertos se tívessemos continuado estagnados.

    Adorei o post!

    Beijos

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  2. P.S: A segunda frase é: Vou por EM ordem (de assunto)... rs Sorry!

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  3. A cada dia seus textos me encantam...
    continue assim... os temas que você aborda são sempre interessantes e pensativos...

    beijos

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  4. Olá, Bianca:

    Gosto do seu blog pelos textos reflexivos que ele apresenta; ponderar, contestar, questionar, duvidar são exercícios mentais fundamentais se queremos nos tornar cidadãos mais conscientes e participativos.
    Sim, seus textos são bons porque eles tem algo relevante a dizer; seus textos, portanto, instigam o debate. . .
    Bianca, você diz que o mundo (dos homens) muda a cada instante... será? Para o mundo (dos homens) mudar, faz-se necessário, obviamente, que as pessoas mudem... porém, sob meu ponto de vista, a humanidade - em essência e comportamento - é sempre a mesma.
    "Tornar-se melhor", é um termo demasiadamente abstrato; gostaria que você fosse mais clara...
    Só para te "contrariar" mais um pouquinho (com todo o respeito que tenho pela sua opinião, tá?) te digo que acredito sim no acaso; acredito que até nós somos obra dele...

    Um abraço

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  5. Primeiramente, fico grata pelos bons comentários (seus e das outras pessoas que passam sempre por aqui). São bons não porque concordam ou divergem da opinião que exponho, mas sim por trazer uma nova visão ou, se a mesma que a minha, outro lado não explorado. Essas reflexões como você mesmo disse, Novos Maias, são o que nos tornam mais conscientes. Agora te direi o porquê de considerar que o mundo e as pessoas mudam a cada instante. A experiência da vida é o maior motivo para que você não seja o mesmo de ontem; já o mundo, a gente pode perceber que culturalmente as sociedades evoluem, outras regridem (talvez) e só com esse motivo não dá para o mundo ser o mesmo. Através da história, seja do Brasil ou do mundo, podemos perceber essas evoluções e regressões, até porque a história não é linear. Os declínios são presentes em todas as etapas.
    Enfim, cheguei ao ponto em que gera discussões saudáveis... Tornar-se melhor é realmente um termo bastante abstrato (como tudo na vida). As coisas concretas, as teorias e as "certezas absolutas" foram criadas pelo homem como uma guia, um rumo. No entanto, espero que esse termo fique mais claro após minha explicação. Refiro-me a falta de respeito, de humanidade e de justiça presente nas pessoas que habitam esse mundo. Ainda somos muito ignorantes quanto à vida. E quando digo, então, "tornar-mos melhores" é no sentido de sermos mais humanos, mais justos, termos mais respeito pelo próximo (engraçado como o homem é contraditório até nisso, não temos respeito por nós mesmos), termos respeito pelas coisas que estão acima de nós (a natureza, por exemplo, nos serve à todo instante, mas nesses nós a destruímos e junto nos autodestruímos indiretamente).
    Quanto a "contrariar" a minha opinião, isso é bom. Quero mesmo que se não concorde exponha. Ainda temos essa liberdade na comunicação digital.
    Para finalizar, ratifico que em minha opinião não há acaso, Novos Maias. Afinal, se estamos no mundo hoje é para alguma coisa fazermos. Não acredito que ocasionalmente caímos na Terra. Por que ela e não Júpiter? Por que só o terceiro planeta, a Terra, possui os elementos essencias para nossa existência? Depois, pode-se pensar nos indivíduos separadamente, pensaremos, portanto, naqueles grandes filósofos e inteligentes pensadores como Ainstein, Marx, Pasteur e infinitos outros. O que seria a humanidade hoje sem que eles estivessem existido? Foi realmente por acaso que nasceram, descobriram e publicaram coisas? Para mim, a resposta é não. Mas respeito qualquer que seja a outra particularidade.

    Obrigada.

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  6. Uau!!!! Bom demais este bate-papo, Bianca!!!
    Exercitemo-nos, então, mais um pouco...
    Concordo com você que a história não é linear... ela é cíclica. Vejo a história da humanidade como alguém que está sentado em um imenso carrosel. No início vemos diferentes paisagens alternando-se diante de nossos olhos. Porém, após completar um primeiro giro, voltamos a presenciar o que já tínhamos vislumbrado anteriormente. Ora, se as pessoas, em essência, realmente mudam, como então explicar que textos do Budismo, Taoísmo e Cristianismo, escritos há milhares de anos, sejam ainda tão atuais e tão pertinentes???
    Quanto à sua defesa do "não acaso", você está certa ao dizer que ainda não encontramos Vida fora da Terra; mas, pergunto eu, qual foi o alcance de nossa procura até o momento? Te respondo... ínfimo!!! Mal chegamos ao limite de um sistema solar que está localizado na extremidade de uma galáxia que contém outros 200 bilhões de "Sóis"; e o Universo possui bilhões de galáxias!!! Bianca, em matéria de exploração espacial, ainda não saímos do quintal de casa.
    Na sequência, você pergunta o que seria da humanidade sem os grandes pensadores; ora, o que chamamos de civilização existe há apenas uns oito mil anos... o Homo sapiens, enquanto espécie, existe há, pelo menos, duzentos mil anos!!! Ou seja, vivemos 95% de nossa existência sem saber o que é Filosofia.
    Finalizando, quero te dizer que gostei bastante do seu entendimento do que seja "tornar-se melhor".
    Um abraço.

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  7. Sim, as pessoas realmente em essência mudam. Contudo, não são todas que promovem mudança tal ou a reconhece. Tem quem prefira não acrescentar nada ao mundo; quem goste de pegar receita pronta, outros de criarem (se é que foi boa essa analogia). Pensar dá trabalho e de trabalho muita gente não gosta.
    Quanto aos escritos bíblicos e textos de diferentes religões, prefiro não comentar sobre.
    O mérito aqui não foi se saímos ou não em busca explorada e satisfatória de outros planetas. Questionei-o, com relação ao acaso, porque o primeiro ser humano "caiu" aqui e não em Júpiter ou qualquer que seja o planeta? É desde esse início minha grande questão da ausência do acaso. Para mim, não é por ele que as coisas acontecem.
    E sim, vivemos sim muitos anos sem Filosofia (ouso a dizer que vivemos até hoje - não são todos que buscam conhecê-la ou mesmo se por obrigatoriedade, numa cadeira, se interessam), mas algumas descobertas, exemplificaremos na ciência, foram feitas por pessoas. Por um pensador. Ou vários. E esse é o ponto do avanço da humanidade. Por isso indaguei: seria acaso o nascimento dessas mentes que descobrem e depois publicam as pesquisas e os resultados das curas de infinitas doenças?

    Mais uma vez, obrigada.

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  8. Bianca, comparo nossa Ciência a uma moça volúvel; ela dorme abraçada com a Vida... porém, após o café da manhã, sai para passear de mãos dadas com a Morte.
    Penso, Bianca, que a evolução de que realmente precisamos, não seja científica ou tecnológica; antes disso, precisamos evoluir como seres humanos.
    Quanto a casualidade ou não dos acontecimentos, fiquemos assim: cada um com sua opinião. E que eventuais leitores deste bate papo possam também colocar seus pontos de vista; isto enriqueceria ainda mais a conversa.
    Grato, Bianca, por nos possibilitar o saudável exercício do pensar...
    Amplexo,

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  9. Exatamente, Novos Maias. Antes de qualquer evolução, o homem deveria evoluir. É dessa evolução, dessa melhoria que me refiro a todo momento.
    No mais, o bate papo foi realmente muito saudável. E eu é quem fico grata por possibilitar amplitude no assunto, como foram os comentários.

    Volte sempre.

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