terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um texto corrido da vida


A efemeridade da vida me assusta. Um dia somos tudo, no outro nada. E essas dimensões acontecem a todo instante em minha vida. Sou de pólos, sou extrema. Quero agora. Quero tempo. Mas e quando ele acaba? Nada fiz. Nada tenho aqui. Temos tempo certo e conscientemente vivemos esse tempo limite, que uma hora vai acabar. A gente sabe, a gente sempre sabe, mas cadê que sabemos de fato? Que confusão estar aqui, que coisa estranha é poder pensar. Estamos sempre pensando e tentando explorar. Nunca nos satisfazemos. Nunca estamos inteiros. Que egoísmo humano, céus. Sei lá essas voltas que a vida dá. Muitas teorias, muitas frases bonitas, muito blábláblá de tudo bem, de maravilha. A vida não é fácil, e nem é bom que seja. Nunca gostei da facilidade, o árduo sempre me encheu os olhos. Mas até quando? Até quando eu suporto, até quando as lágrimas não escorrem pelo meu rosto me permitindo ser forte? Até quando eu não preciso de colo e das histórias bonitas? Até quando quero uma realidade dura, bem dura pra mim? Pra sempre. Mas é pra sempre o tempo que eu suportaria? As pessoas são só pessoas, nada além. Nada. Somos só alguém que temos consciência da morte. Somos diferentes nisso. Temos consciência. Por horas, penso ser mais fácil a vida de um animal comum, não essa complexidade do homem. Os animais (nos retirando desse meio) não se indignam com a política, não pensam no dia seguinte, não deixa de dormir porque seus pensamentos não se aquietam. Não se decepcionam, não questionam os fatos nem mesmo por que existem... Os animais simplesmente vivem. E os homens, esses animais que foram caracterizados de mais evoluídos, talvez, vivam. Mas parcialmente, apenas. Não nos envolvemos por inteiro. Temos medo. Medo do outro, medo do agora, medo de arriscar, medo do que não podemos ver, tocar. Medo do difícil... Medo da tristeza! Mas a vida não é esse pote de ouro que se resume em felicidade tão facilmente assim. Além do mais tem tantas coisas que nos desgovernam. Somos frágeis, assim como quando a saudade. Não tem remédio, não tem consolo. A saudade tem nome. E é nome de gente.

Bianca Garcia

sábado, 10 de setembro de 2011

Os primatas do século XXI

Bem, se o século XXI simbolizasse a evolução humana e, por consequência, a nossa sociedade, certamente esse símbolo revelaria a era primitiva que vivenciamos.

Vivemos em uma sociedade que despreza a história, onde o velho se tornou obsoleto e não mais sinônimo de sabedoria. Vivemos em uma sociedade onde o dinheiro fala mais que o caráter, mas até onde eu acredito ter dinheiro não te faz melhor que outro. Vivemos em uma sociedade onde as novelas comandam o tempo, criam hábitos e lançam moda. Vivemos em uma sociedade onde a hora feliz é a do final do expediente. Vivemos em uma sociedade onde a inteligência é motivo para risadas, onde os livros não são tão bem vistos e a cultura não é valorizada. Vivemos em uma sociedade onde o olhar do outro tem que estar projetado para que as ações estejam de acordo com as leis, caso contrário as burlaria. Vivemos em uma sociedade que despreza sua diversidade cultural. Vivemos em uma sociedade onde há segregação socioespacial. 
Que sociedade é essa que debate sobre novelas ao invés do futuro do país? Que sociedade é essa que abaixa a cabeça para as sujeiras que são arrastadas para debaixo do tapete? Que sociedade é essa que separa os homens por sua cor ou pelo seu dinheiro? Que sociedade é essa onde o símbolo da morte se tornou bacana, “cool” e uma faceta da moda? (Aliás, que moda é essa que cultua o ódio e a banalidade dos símbolos?) Que sociedade é essa que não luta por direitos? Que sociedade é essa que só se vê como nação em época de Copa do Mundo? Que sociedade é essa que está a preferir e-books e audiolivros aos livros de papel? Que sociedade é essa?

Bianca Garcia