terça-feira, 1 de maio de 2012

Teatro carioca

    Em meio as máscaras inseridas no Rio de Janeiro, em junho, outras disfarçarão o caos urbano pelo qual passa a cidade. O prefeito, Eduardo Paes, declarou ponto facultativo no período da conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, a Rio + 20. Bem, não é mera coincidência, que, em 2007, o Pan Americano aconteceu no período das férias escolares. Se recorrermos à memória, lembraremos que César Maia, o prefeito da época, escolheu julho, onde há uma redução significativa dos carros que circulam pela cidade, para a disputa entre as Américas.

    Se a cidade maravilhosa vai parar com a Rio + 20, podemos imaginar um estado de sítio em 2014 e 2016. Mas, ao invés da grande mídia falar sobre isso, ela realça sua imagem narcísica no calçadão de Copacabana. Na última quinta-feira, alguns minutos da grade foram reservados para sua presunção. Pouco vejo tevê, mas cinco minutos bastam para triplicar minha indignação. Hoje, a cidade cheira a poeira. Mas ao invés do caos, as praias lotadas conquistam a cena. É... Se não fosse o engarrafamento, o lixo, a violência e a desigualdade, o Rio seria a melhor cidade do mundo.

    Nosso grande chocalho é mais uma das obras pela cidade. Mais uma delas que desviam milhões. Mais uns milhões que vão para os ternos, junto com os milhões das Unidades de Pronto Atendimento, e que de pronto atendimento não tem nada, e com as Unidades de Polícia Pacificadora. Se não houvesse reforma, daria, talvez, para a construção de dois estádios. Se não fossem aluguéis de conteiners, daria, talvez, para a construção de hospitais, descentes, públicos. E se não fosse a mentira da pacificação, as fronteiras estariam todas reforçadas. Mas parece que as máscaras não vão sair daqui. Estão nas favelas, nas obras... Estão em todo o governo!

    Enquanto os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, e muitos deles apenas para o Rio de Janeiro, espalham por aí que somos a sexta economia do mundo, que somos o país (há anos) do futuro, que somos uma nação de verdade. Por outro lado, só conheço uma nação mentirosa, que não tem memória, nem estudo. E sente fome!

        Bianca Garcia

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