A gente vai tentando se agarrar as pessoas e, às vezes, até nas coisas para ver se encontramos um sentido pra vida. É difícil viver, achar um rumo, seguir um caminho sem nos agarrar a nada nem a ninguém. Sem um espelho, sem uma admiração, sem um foco. Sem amores. Sem pessoas. Contudo, a balança tem que estar equilibrada. Senão, a dor toma conta e o sentido se perde.
A "vida é mesmo coisa muito frágil"... De repente tudo vai embora. Sem mais nem menos, sem sequer algum motivo ou explicação não existe mais nada. Estudamos, trabalhamos, fazemos mil e uma coisas, mas como um sopro de vento, elas passam. Outros constroem impérios, acumulam capital, conquistam lugares. E tudo se vai.
Você entende por que está aqui, por que veio e por que se vai? Você entende, então, desse negócio de chegar num lugar e ter tempo pra ficar que há anos chamam-no de vida? Eu não.
Sábios seres humanos...
Bianca Garcia
Como disse um sábio, "o importante não é o achado, mas a busca." :)
ResponderExcluir"Não basta abrir a janela
ResponderExcluirPara ver os campos e o rio,
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
(...)
Tu, místico, vês significação em todas as cousas.
Para ti tudo tem um sentido velado.
Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.
O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.
Para mim, graças a ter olhos só para ver,
Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;
Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.
(...)
Uma vez chamaram-me de poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo,
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade."
Poemas Inconjuntos - Fernando Pessoa