segunda-feira, 14 de março de 2011

Os sábios

A gente vai tentando se agarrar as pessoas e, às vezes, até nas coisas para ver se encontramos um sentido pra vida. É difícil viver, achar um rumo, seguir um caminho sem nos agarrar a nada nem a ninguém. Sem um espelho, sem uma admiração, sem um foco. Sem amores. Sem pessoas. Contudo, a balança tem que estar equilibrada. Senão, a dor toma conta e o sentido se perde.
A "vida é mesmo coisa muito frágil"... De repente tudo vai embora. Sem mais nem menos, sem sequer algum motivo ou explicação não existe mais nada. Estudamos, trabalhamos, fazemos mil e uma coisas, mas como um sopro de vento, elas passam. Outros constroem impérios, acumulam capital, conquistam lugares. E tudo se vai.
Você entende por que está aqui, por que veio e por que se vai? Você entende, então, desse negócio de chegar num lugar e ter tempo pra ficar que há anos chamam-no de vida? Eu não.
Sábios seres humanos...

Bianca Garcia

2 comentários:

  1. Como disse um sábio, "o importante não é o achado, mas a busca." :)

    ResponderExcluir
  2. "Não basta abrir a janela
    Para ver os campos e o rio,
    Não é bastante não ser cego
    Para ver as árvores e as flores.
    É preciso também não ter filosofia nenhuma.
    Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
    Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
    E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
    Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
    (...)
    Tu, místico, vês significação em todas as cousas.
    Para ti tudo tem um sentido velado.
    Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.
    O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.

    Para mim, graças a ter olhos só para ver,
    Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;
    Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.
    Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.
    (...)
    Uma vez chamaram-me de poeta materialista,
    E eu admirei-me, porque não julgava
    Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
    Eu nem sequer sou poeta: vejo,
    Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
    O valor está ali, nos meus versos.
    Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade."

    Poemas Inconjuntos - Fernando Pessoa

    ResponderExcluir