quinta-feira, 26 de abril de 2012

Loucos

Daqui, do alto desta reclusão, posso enxergar essa cidade. Com muita indas e vindas, muitas voltas por ela, as pessoas circulam. Circulam, mas não saem do lugar. Estão presas, talvez, em uma verdade que lhes contaram. Mas, que de fato, nem existe. A verdade cada um tem a sua. São opiniões, nada mais.

Nesse vai-e-vém dessa gente, o olhar é constante, pra frente. Ninguém olha pro lado... Do lado tem um amigo. Do lado não tem nada. Do lado tem tanta gente. Mas ninguém percebe... Não vêem o amigo. Não vêem o nada. E não vêem a gente. São cegos. Nem vêem escuros, nem vêem claro. Não é nenhuma cegueira de escuridão ou claridade. São cegos de tudo. São cegos em tudo. Não vêem a vida.

Nas ruas da cidade o barulho atormenta. Só que essa gente nem sente. Não sente que além de cega, fica surda. Não vêem que além de cegos e surdos, estão loucos. Loucos por uma obsessão que valor real nem existe. Loucos por papéis. Por pequenos papéis coloridos, que só isso enxergam.

Bianca Garcia

4 comentários:

  1. Tá todo mundo cego, surdo e doido por aí, Bianca?
    És, então, o último bastião da lucidez?
    Ora, desça logo daí e mistura-te com os "loucos"
    antes que a loucura te alcance...

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  2. E quem disse que não sou a loucura neste mundo imprudente? Não sei!

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  3. Lendo seu texto, foi impossível não visualizar a rotina de formigas. Quer paralelo melhor!?

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