segunda-feira, 4 de abril de 2011

Hipocrisia Cidadã

"Títulos eleitorais poderão ser cancelados devido à ausência nas votações."

Luta-se por direitos cidadãos, mas esquecem de seus deveres. Engraçada essa nossa população, não? Reclama dos problemas sociais, da desigualdade, da corrupção... mas nada faz para melhorar. Pessoas que não votam não têm direito algum de reclamar da atual situação política brasileira. E por ventura, de toda a politicagem de um governo vigente.
Não comparecer às urnas eleitorais no dia em que se decide os que representarão um município, um estado ou mesmo nosso país significa dizer: eu não me importo com qualquer mudança que seja, não me importo com diferença alguma, não me importo com quem está me representando e, portanto, não reclamarei de nada durante os quatro anos que se sucederem. Embora não seja isso que aconteça, pois as reclamações ultrapassam os limites de quatro anos e perduram pela vida inteira, as justificativas são muitas, mas nenhuma delas serve para explicar essa ignorância. Há quem consistentemente afirma não votar porque não acredita na política brasileira, nem mesmo no país. O que fazes aqui? É minha insistente pergunta. Os outros países estão aí... e reduzindo fronteiras.
Perdemos a determinação às lutas que existiu nos anos 1960. Perderam-se os jovens e os estudantes que questionavam a tudo e brigavam pelo que se acreditava. No lugar, uma juventude pacata, que pouco se importa com o país. Que pouco se interessa pelos nossos problemas. Que não luta. Que se reduz. Que se aliena... E horrorizados estão àqueles que sobreviveram às turbulências do final do século passado.

Mesmo com todas as indicações para a degradação da sociedade, eu ainda acredito no ser humano. E acredito na volta da direção do mundo, uma vez que este foi desviado e se encontra de cabeça pra baixo.

Bianca Garcia

8 comentários:

  1. Eu confesso que não acredito tanto no ser humano, mas não deixo de fazer minha parte. Não só nas eleições, mas no dia-a-dia.
    Concordo que hoje está tudo muito tranquilo.

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  2. A apatia das pessoas foi construída ao londo de todos estes séculos em que o empenho foi total por parte daqueles que detêm o poder em alienar cada vez mais o povo, para que o grau de exigência seja cada vez menor. Infelizmente também não acredito em profundas mudanças, vejo esta política populista crescer, mas não vejo de fato a criação de oportunidades e estruturas que devolvam a dignidade ao trabalhador. Beijos

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  3. Embora não cessem as atrocidades humanas e as mazelas sociais permaneçam em contínua aparência, acredito no homem pelo fato de ainda existirem pessoas boas nesse mundo. Onde o interesse não é o que fomenta suas relações.

    Sandro, a votação é só uma parte que o cidadão tem (ou deveria ter) interesse em intervir. É dela que poderemos promover mudanças e não colocarmos qualquer um para nos representar. O que hoje é o que acontece. Basta lembrar da corrida eleitoral do ano passado onde até mulheres frutas estavam se candidatando - sem nem mudar seus nomes de trabalho.
    Contudo, nossas ações diárias são mesmo fonte importante para nossa "roupagem" como cidadãos.

    De fato, Thaís. Mas as mudanças podem ser cobradas por nós, como já foram um dia. Que por sinal, é de nosso direito. No entanto, é mais prático ficarmos sentados esperando as coisas mudarem e reclamando da vida. É isso que vemos hoje. Ninguém se importa com o outro. Estamos cercados por uma população egoísta, que se aproxima do outro pelo seu valor de compra ou pela ajuda que ela pode te proporcionar.

    Para mudarmos um quadro político, precisamos mudar as pessoas.

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  4. Caríssima Bianca:

    Você afirma ao final de seu (indignado) texto que acredita "na volta da direção do mundo, uma vez que este foi desviado e se encontra de cabeça para baixo". Te pergunto: quando foi que "perdemos a direção"? Que direção era esta, antes de nos "perdermos"? O que provocou esta "perda de direção"?
    Agradeço se puder esclarecer,

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  5. Andava sumido, Novos Mais. E seus comentários instigantes me proporcionam satisfação, ao final, quando lhe esclareço.

    A direção foi conquistada, por nós humanos, ao longo das eras e dos séculos, resultando na evolução humana. E os mais variados pensamentos, que resultaram nessa evolução, hoje estão perdidos. É nesse sentido que digo-lhes sobre direção. Vivemos, na maioria das vezes, caindo em erros cujo poderiam ser popupados caso as experiências anteriores tivessem sido absorvidas por nós.
    Perdemos a direção, portanto, pois não acredito que o homem veio ao mundo para destruí-lo. Nem que o homem se liga à outro por interesse. Nem mesmo que o objetivo de uma sociedade é sua própria eliminação, com roubos e atrocidades os mais variáveis possíveis.
    Não vejo daquela evolução primária no nosso caminho. Neste, vejo seres ganaciosos, onde tudo virou questão de sobrevivência - até mesmo quando esta já está garantida.

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  6. Evolução humana???
    Científica e tecnologicamente falando não tenho dúvidas: evoluimos muito mesmo!!!
    Porém, quando se trata de evolução espíritual-humanística penso que estamos muito mais próximos do macaco do que do ser humano.
    Olhe para a História da Civilização... o que você enxerga nela??? Diga-me se não são ciclos virtuosos de produção/evolução artística/filosófica/científica misturados a ciclos viciosos de guerras, massacres, assasinatos, torturas e banhos de sangue em geral. Nem nossa arte, nem nossa filosofia (ambas milenares) e nem nossa ciência sistematizada (secular) foram capazes de nos livrar da barbárie.
    Você dá a entender que estamos regredindo espiritualmente... eu, porém, penso que não; espiritualmente, estamos tão ruins como sempre estivemos.
    P.S.: Andava sumido sim, mas não desparecido, tá? Pelo menos uma vez por semana dou uma espiada no "Pensamento em Mundo".

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Mas, tratando-se de História, já dizia Marx ser ela cíclica; a dialética nos mostra a teoria fundamentada, e os tais ciclos virtuosos fazem parte desta. O que não me conformo e acho que nem poderia me conformar e, por conseguinte, deixar de acreditar no homem, é que até quando esses ciclos se repetirão? Não deu pra enxergar tanta coisa ruim? E as coisas boas? Essas não se pode ressoar?
    De forma alguma retrato o que penso falando em espiritualidade. Esta em seu mais amplo sentido, uma vez que algumas pessoas interpretam-na diretamente ligada a religião. E esse não é um assunto abordado por mim.
    Quando refiro-me à assuntos ligados ao homem - "uma criatura autocentrada", como considerou Levitt, meus pensamentos se confundem por esse ser que tem potencial de promover coisas boas, mas escolhe o caminho para a bárbarie. E como você mencionou muito bem: nada foi capaz de nos livrar dela.
    A personalidade, o caráter e a índole são o que verdadeiramente formam um homem. E elas são medidas quando não tem ninguém olhando.
    Espero ter esclarecido, Novos Maias, não pensar a humanidade regredir espiritualmente. Não é por tal campo a abordagem do assunto.

    *Acrescentei uma correção. Por isso, a resposta primeira, do dia 8 de abril, foi removida.

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