domingo, 10 de abril de 2011

O sistema penitenciário de um país em desenvolvimento

              Buracos. São eles que marcam o sistema corrompido das prisões do Rio de Janeiro. Nos muros, nas grades, nas relações empregatícias, no comando... Desfalques.
              Um sistema onde as carceragens não tem espaço para presos, onde há quem roube e continue fora das grades, onde há desvios de verbas e desvios de mínimas necessidades, onde o dinheiro compra estadia ou regalias. Como combater a violência em uma sociedade onde o dinheiro compra até os erros? E onde a justiça é morosa? Pioram as coisas quando se fala de uma Constituição atrasada. E assim consideram um país em desenvolvimento. Ah! O capitalismo... O subdesenvolvimento econômico vence o subdesenvolvimento social.
              As falhas são muitas. Mas o que me incomoda ao fundo é a falta de discernimento nos crimes. Celas são compostas por uma mistura criminal não favorecida. O convívio de autores de crimes não violentos e de crimes hediondos e assaltos à mão armada promovem uma aproximação não sadia. Os comportamentos podem mudar e os aprendizados são muitos. E, ao sair, a falta de oportunidade, sugere, em alguns casos, a entrada por uma porta bem aberta - até por quem antes não havia verdadeiramente entrado no mundo da malandragem.
              Diz, o ditado popular, que mente vazia é oficina... Não poderia, portanto, servir como um estímulo à atividades dentro das cadeias? Seus moradores passageiros ficam dias, meses e anos em regime fechado pensando no que farão ao sair...pensam, ainda, em planos para fugas. Enquanto isso problemas internos não são resolvidos, como manter as cadeias e as celas em bons estados. Trabalhar. É isso que deveriam fazer em suas passagens. Diversificar tarefas. Aprender outras. E assim, ter oportunidades, quando livres, através de seus desempenhos . Mas não. Não é assim na vida real; e os gastos mensais que promovem ao governo nem é dimensionado.


"Você pagaria R$ 30 mil por um galo de briga, ou R$ 20 mil por dois pacotes de fraldas descartáveis, ou R$ 7 mil por 12 pés de alface? Para os amantes de rinhas, aliás prática ilegal neste país, talvez um galo de briga possa até valer mais do que os R$ 30 mil. Mas, para a quase totalidade dos brasilerios, um galo de briga vale tanto quanto um frango comprado na feira do bairro. Quanto aos outros artigos, não parece haver dúvidas de que os valores são absurdos. No entanto, o furto do galo, das fraldas e dos pés de alface acabou por custar ao contribuinte os milhares de reais referidos porque os infratores envolvidos nesses furtos foram punidos com longas penas de prisão."
                                  Julita Lemgruber, em um artigo do Jornal do Brasil em 1997.

Bianca Garcia

3 comentários:

  1. Concordo! nosso sistema penitenciário - assim como praticamente a totalidade de nossas instituições públicas - é falha e ineficiente. Pior é parecer que é assim que querem que seja. Que importa quanto custa, já que quem paga não é quem manda pagar? Que importa o quanto sofre, já que quem sofre não é quem manda sofrer? Acho que o pensamento se resume a isso.

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  2. Olá, Bianca:

    Dá só uma olhada no video abaixo:

    http://www.youtube.com/watch?v=CL-ZvToU13Y

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  3. Nossa
    fiquei sem palavras com o seu texto...
    vc disse tudo e muito mais...
    Adoro ler seus textos..continue assim!!!

    beijooos

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