segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Enquanto a cidade dormia…

Enquanto a cidade dormia, os ônibus que descansavam deixavam os passageiros pelos pontos esperando. E enquanto esperavam, viam todo o movimento da cidade enquanto ela dormia. Dormia a cidade, mas não dormia todos os seus habitantes.

Como em um vai e vem em câmera lenta, as pessoas iam passando. Enquanto a cidade dormia, passava um casal sorridente, três baderneiros gritando, um rapaz solitário e uma menina correndo. Na cidade que dormia, dormia também um mendigo com frio, um bebê gritando e uma mãe com cinco filhos, ali, pelas calçadas sonolentas de uma cidade que espalhava colchões, lixos e pedaços de papelão. Nessa mesma madrugada atravessava também um mal educado com medo da noite pelo meio da rua e um rapaz de bicicleta, saindo da garagem de um prédio de luxo, quase atropelando dois funcionários de um fast food famoso que sorriam. Enquanto a cidade dormia, quem não sente sono estava pela rua. Mas nessa rua estavam também lojas fechadas, pouco barulho e nenhum trânsito – parecia até que não tínhamos nenhum caos urbano! Nessa cidade que dormia, as luzes dos prédios estavam pouca acesas como se refletissem o baixo movimento das escuras ruas.

Nessa madrugada fria da cidade sonolenta foram excluídos os que não gostam de se aventurar pela solidão da noite de uma cidade atormentada de dia…. Enquanto a cidade dormia… A madrugada fria esquentava o coração dos que solitários estavam na vida.

Bianca Garcia

4 comentários:

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    1. E são, não? A cidade é muito diferente na madrugada... Me confundo, às vezes, se estou na mesma...

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  2. E quem não teme em "se aventurar pela solidão da noite de uma cidade atormentada de dia"? É muito mais fácil reparar a beleza da cidade entre as sombras da noite e sem o transitar das pessoas.No entanto, por uma questão de "falsa segurança" opto por admirar tal beleza ao alvorecer .
    Lindo texto,como sempre!
    Abraços,
    Islayne

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    1. Até vejo muita beleza enquanto a cidade está acordada. Talvez beleza não seja a palavra certa, digo, então, sobre inspiração. A cidade me inspira, mas são sempre textos que a questionam... E quando ela está acordada, tenho muitas questões.
      Obrigada pela leitura, ótima como sempre :)

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