Àqueles olhos lacrimejantes afiguravam bastante cansaço. Era dia, e seus olhos demonstravam-me dor. Amei àquele senhor no mesmo instante que o vi. Sua aparência sofrida tomou conta de mim.
Calado, o senhor apareceu. Simples, de calça branca e blusa cor de abóbora, o senhor quase não olhara para frente como num gesto de não ter tanta força para os caminhos seguintes. Seus olhos falavam de luta; de uma luta diária para a vida.
Levando as mãos à cabeça, o senhor apalpava o esparadrapo que tampava a ausência da sua orelha. Sua dor me chamara atenção. E mais do que nunca seus olhos falavam sobre lutas. Mas parece que falavam só pra mim.
Àqueles cabelos grisalhos e as marcas no rosto são sinais de uma vida. Em meio à guerra dos homens, setenta e cinco anos é um resultado glorioso. E, no final, a gente sempre sai sem uma parte, quando, na verdade, não nos perdemos completamente. Este senhor, como tantos outros, estava mutilado.
Bianca Garcia
Adoro o que você escreve. A maneira sutil como coloca as palavras é muuito bom de se ler.
ResponderExcluirContinue escrevendo assim.
Abraços, Michelle
sobreoinsolito.com
Obrigada pelo elogio, Michele!
ExcluirEspero que minhas produções continuem agradando você :)
Grande beijo!
Que belo retrato, ainda que tão triste.
ResponderExcluirPois é, Sandro, a vida não é só a beleza que a gente tenta enxergar o tempo inteiro... Os desencontros e as mutilações que dela fazem parte são tristes.
ExcluirBianca, conheci seu blog através dos meninos do Sobre o insólito e só posso confirmar que a indicação deles foi ótima.
ResponderExcluirÓtimo texto, com palavras cheias de sentimentos.
Abraços,
Islayne
Islayne, obrigada pela visita e espero ver você mais vezes por aqui. Através dos comentários a gente vai discutindo, saudavelmente, nossas opiniões. Seja bem-vinda :)
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