Precisamos
de algo mais inteligente. De uma televisão mais inteligente, de uma
população mais inteligente. De uma mídia que
seja motor de transformação social e não uma fórmula eficaz de
alienação. Precisamos de
uma mídia com cara limpa, sem sujeira por trás das câmeras e acordos
por baixo dos panos. De uma mídia onde o jornal seja livre para noticiar
o que é notícia sem pensar nas perdas do governo e do empresário. De uma mídia livre para criticá-los quando necessário.
O
Rio de Janeiro vive, hoje, um apagão no transporte. Mas quem veicula
isso? Mídia nenhuma. Sim, nos jornais estão estampados os rostos
rebeldes, os defeitos nas máquinas, são descritos os atrasos e a revolta
popular. Mas de forma alguma estampam o rosto da gravata que tem
autonomia para explorar o serviço. Os transportes cariocas (Barcas S/A,
SuperVia, MetrôRio) juntamente com outros serviços (Rede Globo, Light)
são concessões públicas. E é o governardor junto às agências reguladoras
quem tem o poder de exigir um bom trabalho. Mas isso não acontece,
porque a população sofre sorrindo, até reclama num bar de esquina vez ou
outra, mas no final das contas a falsa política de segurança é uma
mudança pro estado, pensa ela, coisa que nenhum outro governo fez. Como
não muda nada nunca, uma ilusão de mudança basta para a permanência de
um poder.
Caso existisse uma mídia ética,
tais indagações seriam (re)lembradas. Mas, como confiar em um jornal que
diz que no próximo bloco terão notícias do Brasil e
do mundo? Como confiar em um programa de entretenimento onde o erotismo
é seu atrativo? E em uma apresentadora que em trinta segundos cometeu três gigantes erros de sua língua nativa? Ou em um apresentador que vive de absurdos? Ou em outro que diz a opinião de uma classe como sua e ao ingressar na política nada praticou?
Neste caso, parece que a tendência é piorar. Aos que reclamam do Big
Brother, ou da Fazenda, algo pior vem por aí. Acredito, sim, que algo
pior que um acordo de estupro em rede nacional para chamar atenção de um
programa inicialmente sem audiência possa existir. Acho, ainda, que
algo pior que a espetacularização de uma realidade possa existir. Parece
que a tendência do descartável e do inútil ainda não chegou ao fim. Mas, os que vêem as imagens e as lêem - não estranhe, eu disse sim, ler a
imagem - não estão nada satisfeitos com sua fórmula. Aos que se
satisfazem com ela, que ao menos saibam da indigestão ao engolir
qualquer coisa da mídia.
Bianca Garcia
Cara Bianca:
ResponderExcluirIngoli (lambendo os beissos) a tar da mídia num dá dor de barriga não, sô, muito pelo contrário!!!! É uma dilícia!!!!
Agora, ingoli a tar da pírula vermeia, ai, ai... é cólica na certa!!!
Belíssimo texto, Bianca. Concordo com cada afirmação. E, como a internet virou possível ferramenta contra todo esse sistema de alienação, já querem os poderosos controlá-la, cerceá-la. E a maioria da população assiste a tudo sorrindo - ou chorando, quando a novela sugere - e tachando de chatos aqueles poucos que tentam retirar suas vendas.
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