quinta-feira, 1 de março de 2012

Que mídia é essa?

Precisamos de algo mais inteligente. De uma televisão mais inteligente, de uma população mais inteligente. De uma mídia que seja motor de transformação social e não uma fórmula eficaz de alienação. Precisamos de uma mídia com cara limpa, sem sujeira por trás das câmeras e acordos por baixo dos panos. De uma mídia onde o jornal seja livre para noticiar o que é notícia sem pensar nas perdas do governo e do empresário. De uma mídia livre para criticá-los quando necessário.

O Rio de Janeiro vive, hoje, um apagão no transporte. Mas quem veicula isso? Mídia nenhuma. Sim, nos jornais estão estampados os rostos rebeldes, os defeitos nas máquinas, são descritos os atrasos e a revolta popular. Mas de forma alguma estampam o rosto da gravata que tem autonomia para explorar o serviço. Os transportes cariocas (Barcas S/A, SuperVia, MetrôRio) juntamente com outros serviços (Rede Globo, Light) são concessões públicas. E é o governardor junto às agências reguladoras quem tem o poder de exigir um bom trabalho. Mas isso não acontece, porque a população sofre sorrindo, até reclama num bar de esquina vez ou outra, mas no final das contas a falsa política de segurança é uma mudança pro estado, pensa ela, coisa que nenhum outro governo fez. Como não muda nada nunca, uma ilusão de mudança basta para a permanência de um poder.

Caso existisse uma mídia ética, tais indagações seriam (re)lembradas. Mas, como confiar em um jornal que diz que no próximo bloco terão notícias do Brasil e do mundo? Como confiar em um programa de entretenimento onde o erotismo é seu atrativo? E em uma apresentadora que em trinta segundos cometeu três gigantes erros de sua língua nativa? Ou em um apresentador que vive de absurdos? Ou em outro que diz a opinião de uma classe como sua e ao ingressar na política nada praticou?

Neste caso, parece que a tendência é piorar. Aos que reclamam do Big Brother, ou da Fazenda, algo pior vem por aí. Acredito, sim, que algo pior que um acordo de estupro em rede nacional para chamar atenção de um programa inicialmente sem audiência possa existir. Acho, ainda, que algo pior que a espetacularização de uma realidade possa existir. Parece que a tendência do descartável e do inútil ainda não chegou ao fim. Mas, os que vêem as imagens e as lêem - não estranhe, eu disse sim, ler a imagem - não estão nada satisfeitos com sua fórmula. Aos que se satisfazem com ela, que ao menos saibam da indigestão ao engolir qualquer coisa da mídia.

Bianca Garcia

2 comentários:

  1. Cara Bianca:

    Ingoli (lambendo os beissos) a tar da mídia num dá dor de barriga não, sô, muito pelo contrário!!!! É uma dilícia!!!!
    Agora, ingoli a tar da pírula vermeia, ai, ai... é cólica na certa!!!

    ResponderExcluir
  2. Belíssimo texto, Bianca. Concordo com cada afirmação. E, como a internet virou possível ferramenta contra todo esse sistema de alienação, já querem os poderosos controlá-la, cerceá-la. E a maioria da população assiste a tudo sorrindo - ou chorando, quando a novela sugere - e tachando de chatos aqueles poucos que tentam retirar suas vendas.

    ResponderExcluir