segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O limite entre o jornalismo e a violência

Segundo o Insi (Instituto Internacional de Segurança da Imprensa), mais de 1.200 jornalistas morreram, nos últimos dez anos

No Brasil, dezenove jornalistas morreram exercendo sua profissão entre os anos de 1994 e 2011 – dentre eles estão Tim Lopes, em 2002, e Gelson Domingos da Silva, em novembro deste ano. Segundo a CPJ (Committee to Protect Journalists), esse número se refere apenas a mortes com motivos confirmados, quando uma investigação conclui que o profissional foi morto em represália direta por seu trabalho, seja em realização de uma tarefa de risco, como no caso de Tim Lopes, seja por fogo cruzado, como, agora, com Gelson Domingos.

A morte de Gelson Domingos, em novembro, levantou diversas indagações sobre o desempenho da atividade profissional jornalística em situações de risco. Como ficou evidente com a morte de Gelson, o colete à prova de balas usado pelos profissionais de imprensa não dá conta de disparos efetuados por fuzis e outras armas de guerra usadas pelos traficantes do Rio. Para o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo, este caso pode ser o gatilho para que as autoridades imponham limites na cobertura da imprensa em situações de risco.

Para o Coronel Frederico Caldas, coordenador de Comunicação Social da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, deve haver limites para a cobertura jornalística em situações de conflito. “Nós sabemos muito bem que essa palavra limite tem uma conotação preocupante para a mídia, mas é preciso que nós tenhamos limite, sim, especialmente quando tratamos da vida de pessoas. Nós não temos como controlar o trabalho da imprensa porque não nos cabe isso, o trabalho da imprensa é fundamental para informar o cidadão. Mas é o momento de refletir até que ponto vale à pena buscar a informação a qualquer custo”, afirma.


Intervenção da polícia em coberturas de risco


A luta travada entre as várias facções que dominam as favelas do Rio torna a cobertura jornalística um ato tão complexo e perigoso como os concebidos em áreas de guerra. Hoje, com a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), há uma redução da atuação dos marginais nessas áreas, mas, mesmo assim, ainda ocorrem conflitos, e a imprensa deve estar presente para mostrar à sociedade a atuação do Estado nessas regiões, após anos de descaso e ausência.


Segundo Ricardo Boechat, âncora do Jornal do Band e da BandNews FM, a polícia deve intervir em coberturas jornalísticas. “Concordo que a margem de risco de jornalistas que cobrem conflitos é elevada. No caso do Rio de Janeiro, elevadíssima. Acho que a melhor palavra para dizer se o terreno está minado ou não, no momento da ação, é da autoridade policial”, alerta.

Por Bianca Garcia em O Estado RJ

Observação:
Esta matéria foi publicada no dia 07 de dezembro na Editoria Estado.

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