sábado, 15 de outubro de 2011

Às mulheres inimigas do tempo


É difícil ser mulher e tomar conta de tudo. Do trabalho, dos estudos, das contas, dos filhos que vão chegar da escola, do corpo, do marido, da vaidade. Ser mulher, hoje, é correr contra as vinte e quatro horas. E fazer com que essas horas se tornem inimigas.

Ser linda, cheirosa, inteligente, dedicada. Pele macia, bonita, sorriso no rosto. Assunto não pode faltar. Tem que se simpática, estilosa e magra. Se não for tem que ser, no mínimo, bonita e excepcional, é o que dizem. Unhas feitas, maquiagem leve, roupa bonita.

Quanta cobrança! Ser mulher, hoje, é viver da rotina?

Já se foi a época de suas conversas com o fogão. Mas de toda forma, as mulheres de hoje, ainda são dependentes. Pode não ser do fogão e do marido. Talvez da beleza e do poder. As mulheres querem ser vistas, querem ser boas, querem ser lindas. Querem ser como na vitrine.

Não se pode falar em fraqueza, cansaço ou olheiras. Tensões, problemas e relações. Não se pode falar em dores, em ausências, em ternura. Afinal, no final, bonecas não falam, e assim querem ser percebidas.

Ser mulher, assim, é, talvez, ser escrava de sua própria figura.

Bianca Garcia

2 comentários:

  1. Estamos provavelmente na pior fase da busca da mulher pela igualdade, já que ela conseguiu praticamente todo o espaço que antes era estritamente masculino, mas ainda não conseguiu convencer o homem a realizar as tarefas que eram estritamente femininas. E algumas, infelizmente, nunca acontecerão, como ficar em casa cuidando do filho nos meses iniciais, por exemplo.
    Algo realmente muito complexo.

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  2. Sandro, não compreendi o final do seu pensamento.

    "mas ainda não conseguiu convencer o homem a realizar as tarefas que eram estritamente femininas. E algumas, infelizmente, nunca acontecerão, como ficar em casa cuidando do filho nos meses iniciais, por exemplo."

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