sábado, 10 de setembro de 2011

Os primatas do século XXI

Bem, se o século XXI simbolizasse a evolução humana e, por consequência, a nossa sociedade, certamente esse símbolo revelaria a era primitiva que vivenciamos.

Vivemos em uma sociedade que despreza a história, onde o velho se tornou obsoleto e não mais sinônimo de sabedoria. Vivemos em uma sociedade onde o dinheiro fala mais que o caráter, mas até onde eu acredito ter dinheiro não te faz melhor que outro. Vivemos em uma sociedade onde as novelas comandam o tempo, criam hábitos e lançam moda. Vivemos em uma sociedade onde a hora feliz é a do final do expediente. Vivemos em uma sociedade onde a inteligência é motivo para risadas, onde os livros não são tão bem vistos e a cultura não é valorizada. Vivemos em uma sociedade onde o olhar do outro tem que estar projetado para que as ações estejam de acordo com as leis, caso contrário as burlaria. Vivemos em uma sociedade que despreza sua diversidade cultural. Vivemos em uma sociedade onde há segregação socioespacial. 
Que sociedade é essa que debate sobre novelas ao invés do futuro do país? Que sociedade é essa que abaixa a cabeça para as sujeiras que são arrastadas para debaixo do tapete? Que sociedade é essa que separa os homens por sua cor ou pelo seu dinheiro? Que sociedade é essa onde o símbolo da morte se tornou bacana, “cool” e uma faceta da moda? (Aliás, que moda é essa que cultua o ódio e a banalidade dos símbolos?) Que sociedade é essa que não luta por direitos? Que sociedade é essa que só se vê como nação em época de Copa do Mundo? Que sociedade é essa que está a preferir e-books e audiolivros aos livros de papel? Que sociedade é essa?

Bianca Garcia

4 comentários:

  1. Você nunca ouviu a frase "Brasil é o país do futuro"? É exatamente isso. O futuro, aquele que nunca chega. E ninguém se preocupando com o presente.

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  2. Amo o Brasil e, talvez, não moraria em outro país caso me dessem opção de escolha. Nosso único erro, porém, o maior de todos é não lutarmos pelo que temos direito. E nele inclui uma vida digna proporcionada por àqueles cuja confiança foi despositada para nos representar. Contudo, política aqui não é vista com seriedade e, por isso, essa terra sem lei que chamamos de Brasil.
    Sou orgulhosamente nacionalista, embora tenha motivos o bastante para não ser. Eu até poderia ser como muitos outros brasileiros, cujo desprezo e a vontade de abandonar esse gigante é enorme, mas prefiro remar contra a maré.

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  3. Caríssima Bianca:

    Não tenho dúvidas de que nosso querido povo brasileiro pratica muito pouco o saudável exercício da cidadania. Porém rebato vossos questionamentos com um outro: Nós, brasileiros, somos os únicos responsáveis pelas mazelas existentes neste país?
    Para respondermos a esta questão com lucidez temos que recorrer à História... sim, esta mesma História - não a contada nos livros escolares, tá? - que você adjetiva de "desprezada". Bem, minha cara Bianca, a História não é apenas desprezada... ela é também - e principalmente - distorcida, mal contada e/ou omitida.
    Inspirado pelo primeiro parágrafo de seu artigo, quero finalizar este meu breve comentário - que também é um convite à reflexão - com os dizeres de dois filósofos, um britânico e outro alemão:
    "Fora da Ciência, o progresso é um mito."
    John Gray (1948-...)
    "O progresso é o sonho do século XIX, do mesmo modo que a ressureição dos mortos era o do século X. Toda época tem seu sonho."
    Arthur Schopenhauer (1788-1860)

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  4. Lhe respondo, caro Novos Maias, que nós brasileiros não somos os únicos responsáveis pelas mazelas existentes neste país, claro. E por esse e outros motivos temos um história sempre mal contada, a história é escrita pelo poder e o poder quer o que o favorece, obviamente.
    E, inspirada pela sua citação de Schopenhauer, digo-lhe que além de toda época ter seu sonhos há pessoas de uma época que vivem o sonho de outras anteriores. São as épocas de ouro muito bem ditas por Woody Allen. Dessa forma, qual seria o progresso? Se a própria palavra refere-se à desenvolvimento, que é visto apenas como passos a frente e não como espelho ou consulta ao passado.

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