quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Reclamar, um estranho prazer

As reclamações me incomodam. Não as reclamações a mim e as coisas, mas as reclamações vazias. Me incomodam as reclamações de tudo por nada. Me incomodam as reclamações pelo simples prazer de reclamar.

Não sei bem, aliás, não sei nada do que passa nessas mentes inquietas com a vida e com a rotina. Mas penso que elas, muito provavelmente, tenham esquecido de aproveitar este tempo – que querendo ou não só temos certeza desse que está acontecendo.

Essas insatisfações infinitas me levam a crer que a felicidade (essa coisa subjetiva que muitos tentam exemplificar, mas que não passa da mesmice ou da constatação de sua efemeridade, assim como a vida) é uma missão impossível para essa gente. Pelo que observo cotidianamente mais passam tempo reclamando que usando de forma útil.

Reclamar via redes sociais é agora o mais novo campo no mercado de trabalho. Contudo, deixarei claro que me refiro às reclamações que giram, somente, em torno das pessoas que a fizeram. O que não acontece com o mundo.

Estão sempre insatisfeitas, mas não da forma humana de ser por sua natureza. É como se morressem a cada dia, como se viver fosse um martírio. Como se não sair do edredon quentinho de manhã fosse melhor que praticar o que escolheram. É como se a hora feliz do dia fosse a hora de ir pra casa, para as festas e nunca para o que supostamente seria um prazer contínuo por escolha própria.

Nós só encontraremos a felicidade (por um tempo maior) caso tenhamos prazer no que fazemos. Caso contrário morreremos mesmo, aos poucos, a cada dia, pelo simples fato de se levantar da cama para fazer o que nos destinamos.

Estranho isso. Mas tenho a sensação de que algumas pessoas esqueceram de viver.

Bianca Garcia

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

À empresa de ônibus Pégaso

               Indignada com a situação do transporte no Rio, mais precisamente, para os moradores da Zona Oeste, enviei um e-mail-carta para a empresa de ônibus Pégaso, responsável por algumas linhas com destino ao centro da cidade.

 "Boa Tarde!

Tenho algumas dúvidas a serem esclarecidas quanto a empresa Pégaso, que presta serviço de transporte rodoviário a Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Os destinos ao centro da cidade são sempre marcados pela superlotação e pelas falhas (ônibus que estragam no meio do caminho ou mesmo nos pontos finais). Ou seja, percebemos, nós usuários das linhas 366 (antiga S-14) e 1136, uma ausência de eficácia na qualidade do serviço dessa empresa. Isso tudo porque vocês sabem que a população depende desses automóveis para locomoção?

No site, na aba da História, há o seguinte trecho: "Dessa maneira, a Expresso Pégaso continua se aprimorando para, cada vez mais, servir seus passageiros com qualidade e tradição". Mas agora lhes pergunto: que qualidade? A tradição certamente não é a de manter sujo o nome da empresa nem mesmo de pauta para reclamações. Afinal, que empresário inteligente teria isso como objetivo?

Outra observação grave é o aumento da quantidade de microônibus circulando. É mais barato, como todos nós sabemos, pois dessa forma não há gastos com cobradores. E o motorista? O motorista continua em uma rotina densa e estressante de trabalho, onde ouve reclamações dos passageiros a todo momento - mesmo quando estes compreendem que ele não tem culpa, no entanto, pretendem que as reclamações/sugestões cheguem até os cargos máximos da empresa. Mas isso não acontece.

É uma vergonha que tenhamos que enfrentar, rotineiramente, um ônibus lotado para ir ao trabalho no centro da cidade com uma pista completamente engarrafada - cujo nome é Avenida Brasil, mas dessa vez a culpa não é de vocês. Contudo, o sofrimento não acaba por aí, pois ao sairmos do trabalho enfrentamos grandes filas e uma longa espera na chegada do ônibus no ponto final da linha 366 (antiga S-14). Ao chegar, o microônibus é rapidamente preenchido e já sai completamente cheio. Mas como há mais pontos até o final da Presidente Vargas, podem imaginar como o ônibus não passa pela Brasil.

Ainda, quanto as filas, elas também ocorrem no Terminal Menezes Cortes com a linha 1136, cuja passagem é bem mais cara. Porém , menos cheio já que não são todos os trabalhadores que podem pagar por essa passagem - R$8,00 para apenas um ônibus é incompatível com muitos salários cariocas.

Por fim, gostaria de entender até quando as passagens vão continuar aumentando e a qualidade no serviço diminuindo?

Aguardo uma resposta clara e sincera.

Desde já agradeço a atenção, visto que não são todos que ouvem ou lêem atentamente uma crítica.

Grata,
Bianca Garcia."

             Enviado em 22 de junho de 2011 não obtive respostas até hoje, incompletos dois meses de "espera". Entre aspas porque eu não poderia esperar explicação alguma de um serviço desorganizado, irresponsável e que despreza seus usuários.
            Ah, mas certamente se respondessem eu receberia promessas de melhorias e reparos. Sendo assim, prefiro não receber nada mesmo. As mentiras são mais desreipeitosas que a ausência de respostas. 


Bianca Garcia

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Rio, a cidade codinome

É realmente esse Rio de Janeiro o palco da Copa do Mundo de 2014 e das Olímpiadas de 2016? Claro que não, existe outro e, eu, completamente alienada quem não sabia. Porque não seria possível um consenso de falta de inteligência entre tanta gente junta ou mesmo de ingenuidade, palavra esta que não é do conhecimento de gente do governo.
Os nossos digníssimos representantes, do país e também do estado carioca, não acreditariam que a cidade maravilhosa, a cidade das Unidades de Polícia Pacificadora e a cidade partida poderia nesses tempos receber os maiores  eventos esportivos do mundo. O Rio de Janeiro, o que eu conheço, não tem nenhum preparo para que os olhos do mundo estejam voltados pra ele. Não tem preparo físico, estrutural nem mesmo organizacional. É, deveriam ter pensado muito bem antes de ter comemorado a escolha do Brasil como sede olímpica, porque será um escândalo a destruição de toda a imagem construída ao longo dos anos. Um mês por aqui pode não tirar a máscara que impuseram na nossa cidade, mas será o bastante para perceberem que o Rio de Janeiro ultrapassa as curvas do Pão de Açúcar, as areias de Copacabana e o pôr do sol no Arpoador.
Parte dessa beleza enaltecida se perde quando se percebe as calçadas preenchidas por pessoas que são menosprezadas, simplesmente esquecidas e invisíveis sob os olhos do governo e da população fria e ignorante que nos tornamos. O Cristo Redentor deixa de ser bonito quando sob ele, há um assalto dentro de ônibus cujas pessoas foram feitas de reféns durante uma hora, algumas baleadas e gravemente feridas. As coisas pioram quando você percebe que essa é apenas mais uma cena se repetindo – pois ela aconteceu não só em 9 de agosto de 2011 como também em 12 de junho de 2000 e, ainda, reproduzida pela indústria cinematográfica brasileira (que, inclusive, “Ultima Parada 174” é imperdível).
É realmente nesse Rio que as coisas vão acontecer? É mesmo em uma cidade onde o medo é quem a domina? É em um estado onde falta segurança, infraestrutura e outras coisinhas mais?

Bianca Garcia